segunda-feira, 8 de maio de 2006

Na vitória ou na derrota...


Desde de quinta-feira estou tentando digerir o que aconteceu no Pacaembu.
Confesso que ainda não consegui...
Passei o dia nervosa, não consegui comer, não consegui trabalhar direito, só pensava na hora de chegar no Pacaembu pra encontrar meus amigos e ver o jogo.
Saí do trabalho, passei em casa, vesti o kit maloca e me mandei pra lá...antes peguei minha irmã, que estava louca pra ir e conseguiu um ingresso...
Chegamos lá e o clima estava de festa, muita gente nas ruas, as pessoas com um brilho único nos olhos que só o Corinthians é capaz de dar...
Nessa hora todos os problemas cotidianos desaparecem, as brigas com namorados, falta de grana, demissão no trampo, doenças na família...enfim...tudo é preto e branco e a alegria e confiança na força do timão imperam.
E como é lindo ver aquela união...pessoas de todos os tipos e lugares unidas por uma paixão, amizades construídas nessas bases, irmandade de cores e combinações, um grito único e inexplicável.
Encontrei todos os amigos mais fiéis, Thiaguinho, Marcella, Wesley, Wel, Ju, Guga, Vagner, Viola, Chuchu, Fábio, Andy, Malocca*, Miriam, Bruno, Lelê, Lu, entre outros tantos, e outros tantos que fizeram falta, como o Batata...todos confiantes, ansiosos...
Tomamos a cerveja de lei na Lurdinha antes de encarar a fila e a confusão pra entrar no estádio.
Assim que passei pela catraca com minha irmã, fui pro alambrado esperar o pessoal...
Já na entrada tomei um "chegapralá" de um PM que tentava fazer a galera sair de perto do portão...é impressionante como eles sabem onde atingir...na boca do estômago, que estava vazio, pra sorte dele.
Fomos pra arquibancada amarela, no nosso canto de sempre...e a FIEL estava linda, o pacaembu estava tomado de preto e braco, numa festa que mais parecia final de campeonato. Arrepiava ouvir os gritos do povo...e fazer parte disso tudo.
Quando o Nilmar fez o gol os olhos se encheram de lágrimas, o grito desafinava de tanto que durava, entre abraços e comemorações fizemos juras de ir juntos ao Japão, venderíamos tudo se preciso pra pagar.
A explosão de alegria era interminável...o sonho estava mais palpável, bem pertinho de se realizar. E dá-lhe celular tocando, mensagens e comemoração.
Não precisávamos de mais nada...só saber administrar esse placar.
E o segundo tempo começou...
Com ele começou também o fim do sonho...No gol contra do Coelho, que por sinal foi um golaço. E o cara me faz isso num jogo desses?
Nesse momento começamos alguns a chorar, outros a xingar mais, outros a fazer suas mandingas e rezas secretas...
O segundo gol foi um balde de água gelada e o terceiro finalizou o sonho, ou o que ainda restava dele...
Quando a invasão começou, percebi que a coisa ia esquentar e ficar feia.
Centenas de torcedores revoltados (assim como os 32 mil? que lá estavam, mais os milhões que viam o jogo pela tv) não conseguiram controlar a desilusão e a raiva de ver homens vestindo a camisa do Corinthians sem dar o devido valor a ela.
Não, não sou a favor da invasão, muito menos da violência, mas não posso condenar alguém por uma paixão...e a paixão pelo CORINTHIANS é capaz de absolutamente tudo. Desde a maior alegria da vida, até o maior desgosto. A diferença entre torcer para o Corinthians e torcer contra ele, é que mesmo assim continuamos com ele.
O que vimos ali foi uma catarse, um extravasamento de toda frustração. Isso, não é condenável.
A ação da polícia, tão elogiada pela mídia, foi no mínimo, grotesca.
Concordo que eles tenham que impedir a invasão, que tenham que controlar a massa enfurecida, que tenham que inclusive cuidar de preservar a própria vida, mas não podemos esquecer que, mesmo depois de toda a situação controlada, policiais atiravam a esmo nas arquibancadas, lançavam suas bombas em qualquer direção. As pessoas que ficaram nas arquibancadas, tentaram se proteger. Quem quis enfrentar a polícia e participar da briga desceu...mas os que não desceram foram atingidos, foram prejudicados, pagaram por atos que não são deles e isso não tem cabimento.
E quem tentava sair do estádio sofria mais repreensão, e nada de imprensa mostrar isso...a praça Charles Muller parecia um campo de guerra. Pessoas correndo desesperadas e se escondendo dos tiros, gente machucada e com os olhos e narizes ardendo por conta do gás. Quem queria sair não conseguia, tinha a cavalaria lá fora, lá dentro, a polícia com suas bombas.
Entre bombas de gás lacrimogênio, tiros de bala de borracha, lágrimas pela derrota e preocupação com minha irmã, tentei controlar o medo e manter a calma.
O celular tocava e era impossível dar notícia a quem não estava lá.
Conseguimos sair pela numerada e nas ruas a tensão aumentava. A preocupação com os amigos que estavam lá e a preocupação em proteger minha irmã. Mais gás, mais correria, mais pânico. Tudo que eu pensava era, não larga a Babi, Mari, fica perto dela, e não corre...não corre de jeito nenhum...se cair, já era!
E não corri...
Quando a situação se acalmou fomos todos pra Lurdinha novamente, nosso ponto de encontro.
Todos estavam bem, as cenas de guerra marcadas, mas todos bem.
Em 15 anos de estádio nunca vi algo assim...mesmo na arena petrobrás (RJ) ano passado, em Goiânia, até mesmo em outros jogos em que o pau fechou bonito!
Dessa vez foi diferente...não mais, nem menos violento.
A questão era maior...não era uma briga de torcidas, era uma cobrança por respeito. Respeito ao torcedor, respeito à camisa do Corinthians, respeito ao investimento pessoal de todos aqueles que vivem essa paixão.
Não dava mais pra conter o desgosto com MSI, com Roger, Ricardinho, Carlos Alberto, Coelho, Gustavo Nery...promessas de um título tão sonhado que escorreu pelas mãos da sujeira da lavagem de dinheiro e da ditadura de Dualib.
Não dá mais pra aceitar isso no Corinthians. Nem nunca devia ter dado.
O Corinthians nunca precisou de MSI pra nada. Nem de estrelas e nomes de peso. Fomos campeões em 1990 com a raça dos jogadores e a liderança do Neto. Esse era o nosso craque. Esse honrava a camisa que vestia. Esse é um título com a cara do Corinthians.
A MSI trouxe Tevez e Nilmar...portanto, calem-se todos, aplaudam as contratações...Nilmar não está comprado, Tevez não dura muito...e como é que ficamos?
Depois disso tudo fomos todos pro Hobby, pra comer alguma coisa e tentar falar sobre o "infalável".
Conseguimos contato com amigos e familiares que estavam aflitos por notícias. Meu pai estava quase surtando quando consegui falar com ele.
Fiquei impressionada com a quantidade de pessoas me procurando pra saber se estava tudo bem...estava tudo bem sim, fisicamente bem.
Emocionalmente a coisa estava feia e ainda está.
Lá no Hobby já falávamos do jogo de domingo contra o SP. Todos disseram que iam. Isso é Corinthians, na vitória ou na derrota.
Nem sabíamos pra onde esse jogo seria mandado, mas queríamos todos ir.
Fomos pra casa tentando ainda compreender, falar, ouvir...
A sexta-feira foi amarga. Só melhorou um pouco à noite quando fui encontrar o Thiago e a Ti numa baladinha e ouvir um samba-rock. Tomar umas cervejas e aproveitar a boa companhia do Thi, aí sim foi possível esquecer um pouco e me divertir.
No sábado fui pra quadra com o Guga, Ju e Dudu. O clima estava pesado...não parecia a quadra aos sábados...tava estranho.
Falei rápido com o Pulguinha e com a Elaine e com a mãe do Emerson (que tá no hospital)...a família dele estava lá...
De lá fui pro churrasco do Edmílson com o Ju e Guga. Era em Sapopemba, ou pra lá de Sapopemba...longe pra dedéu...mas fomos...
Chegamos umas 17hs e tava todo mundo...Wesley, Viola, Fábio...família reunida. Me dei conta disso quando, com o samba rolando, muita carne e cerveja o Wesley me abraçou e disse: Essa é minha família!
Parei pra pensar nisso por um instante e percebi ainda mais o peso do Corinthians na nossa vida...estávamos todos lá reunidos, vestidos com nossas camisas dos Gaviões e do timão, simplesmente pelo fato de o Corinthians existir.
Tinha uma meia dúzia de independente, mesmo assim fizemos a festa e entre provocações e cerveja o clima era dos melhores...afinal era um grande e querido amigo que estava longe da gente por um tempo que promovia esse encontro maravilhoso.
Pensei em muitas coisas nesses dias...na responsabilidade que tenho por fazer parte do departamento social dos Gaviões, no poder que temos de mobilizar massas e mexer com as emoções, no poder que o Corinthians tem de unir as pessoas e se tornar sua religião. E tudo isso é lindo, tudo isso me faz querer mais e mais e mais Corinthians...
Graças a ele fiz amizades maravilhosas que se solidificam a cada jogo, a cada encontro no MSN, a cada feijoada na quadra, a cada minuto. Todos esses tem um lugar mais do que especial na minha vida.
Hoje (domingo) almocei na casa dos meus pais, vestida de Gaviões do pés à cabeça, afinal tinha jogo de novo...o assunto foi o mesmo, a confusão de quinta. De uma certa maneira meus pais compreenderam melhor essa paixão...
Falei com a Rê e combinamos de ver o jogo no empanadas...a primeira coisa que ela perguntou foi: Mari, posso gritar gol se o SP fizer?
Eu ri...disse: claro que pode Rê, porque também vou gritar se o Corinthians fizer.
Fomos pra lá...tava lotado de bambis...nada intimidou.
Estava com amigos queridos, Re, Pi, Felipe, Marcella, Fê...
Gritei gol antes, saímos na frente e acreditei na vitória, o Corinthians estava bem...mas o resultado foi outro...3 x 1 pra eles...
Fiquei chateada, mas deixei isso pra lá...estava entre amigos, entre cerveja...
E assim a gente segue, assim é ser Corinthians...assim é amar um time mais do que a si mesmo e acreditar que no próximo jogo vamos ganhar.
Acreditar que dentro dos Gaviões podemos construir coisas lindas e comemorar muitas vitórias e títulos.

E NA VITÓRIA OU NA DERROTA EU GRITO FORTE, CORINTHIANO EU SEREI ATÉ A MORTE!!! E VAI CORINTHIANS!!!

6 comentários:

Anônimo disse...

...quem não for corintiano vá pra PQP...

.

.
...acordei meiga : )

Anônimo disse...

Sem palavras...............
CORINTHIANS MINHA VIDA..............

Anônimo disse...

É, querida. Torcer no Brasil é bem difícil. Mas já te disse que é impossível desistir quando a gente encontra amigos como vc. Valeu pelo colo no meio da bagunça.
Beijo

Anônimo disse...

Puta medo de acontecer algo com vcs...ainda bem ninguem esteve ferido!!!

Buaaaaaaaaaaaaaa...grrrrrr..pq tanta raiva??!!

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

CRIS isso q foi escrito nesse texto é simples mas verdadeiro exatamente como o sentimento q temos pelo nosso querido CORINTHIANS, pelo simples fato dele ser o CORINTHIANS MINHA VIDA ,CORINTHIANS MINHA HISTORIA ,CORINTHIANS MEU AMOR