sexta-feira, 25 de abril de 2008

Boas Vindas

Era um Sábado ensolarado de inverno, em meados de julho de 2007, numa Marginal Tietê parada, a caminho da camisa 12.
Ele olhou pra mim e disse:
- Imagina como seria nosso filho? Teria que ter a cor dos seus cabelos, mas a quantidade do meu, a cor dos seus olhos, seu nariz...
Eu retruquei sorridente...
- A sua boca...seu sorriso...que é o que mais me encanta.
Lembro-me da blusa azul clara que vestia e do olhar sonhador que nós dois tivemos naquele momento. Da primeira vez que, incoscientemente te desejamos.
Algumas vezes depois falamos de você e hoje, fim de abril de 2008, você está aqui, no meu ventre, se preparando para vir ao mundo com essas e outras características minhas e de seu pai.
Há pouco mais de seis semanas você se manifesta em meu interior, me faz sorrir, chorar, assustar, temer, sonhar, desejar. Sentir à flor da pele todas as emoções.
Ainda não tenho muito a te oferecer a não ser meu amor incondicional e minha vida, renuncio a todas as escolhas adolescentes, para contemplar-te de alegria.
Quero que seja feliz, meu filho, ou minha filha. Desejo do fundo de minha alma que seja melhor e milhões de vezes mais forte e seguro que tua mãe.
Que me ensine o que é a vida de fato.
Agora, que tenho você, nada mais me importa.
De todas as lágrimas que derramo por conta de meus medos, solidão e fraquezas, ao secar de todas elas o brilho que você coloca nos meus olhos, a sua presença, a sua existência, me fazem sorrir, ser completa e saber de uma vez por todas, o que é o amor verdadeiro. Nunca mais estaremos sozinhos, porque temos um ao outro.
Não há nada nesse mundo que possa destruir esse amor, não há nada nesse universo que não me faça fechar os olhos ao fim de um dia cansativo e conturbado sem a alegria de ter você, a ansiedade de te ver pela primeira vez num ultra-som, não vejo a hora...
Não vejo a hora de te pegar nos braços, contemplar tua vida e me entregar por completo a você.
Você é a razão da minha vida, do meu sorriso, da minha felicidade para todo o sempre.
Seja muito bem vindo, meu filho.
Com amor,

Da sua mãe.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Paródia...

Paródia de "José" , de Carlos Drummond de Andrade.

Andrés


E agora, Andrés?
O campeonato acabou,
Corinthians não se classificou,
O titulo sumiu,
A torcida esfriou,
e agora, Andrés?
e agora, torcida?
Torcida alvinegra,
que é fiel ao seu clube,
você que faz músicas,
que ama e protesta,
e agora, Andrés?

Está sem o título,
está sem campeonato,
está sem discurso,
já não pode comemorar,
já não pode gritar,
torcer já não pode,
a torcida esfriou,
o título não veio,
a alegria não veio,
a promessa não veio,
veio a utopiae tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, Andrés?

E agora, Andrés?
Sua forte palavra,
seu instante de força,
sua confiança e orgulho,
sua história,
suas decisões,
suas "contratações" de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com o clube na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
foi morrer na praia,
mas a torcida acompanhou;
quer o título paulista,
mas o campeonato acabou
Andrés, e agora?

Se você contratasse,
se você compreendesse,
se você ouvisse a torcida
uma única voz alivinegra,
se você acreditasse,
se você não fosse "roxo",
se o Corinthians não morresse…
Mas o Corinthians não morre,
O Corinthians é duro, Andrés!

Sozinho no escuro
Perdido entre campeonatos,
sem jogadores à sua altura,
sem sonhos para o torcedor
para se encher de esperanças,
sem títulos
que nos encoraje,

você marcha, Andrés!
Andrés, pra onde?