quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Esquecimento...

"Abençoados os esquecidos, pois podem desfrutar de seus próprios erros."
Nietzche


Essa frase é citada no filme "O Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças"... Pra quem não assistiu, vale a pena...

Tema que todos nós já vivemos um dia...ter que esquecer um amor frustrado...seria simples se pudéssemos apenas deletar a pessoa da memória e seguir os dias como se nunca a tivéssemos conhecido...

No entanto...o "destino" não pode ser mexido...e o que está escrito de fato acontece...

Digo que o que o Corinthians uniu, nada pode separar...mas atualmente tenho pensado diferente...

Voltando à Nietzche... acho que os esquecidos são mesmo abençoados...porque eles são capazes de deletar de suas memórias da noite para o dia toda felicidade que viveram ao lado de alguém, todo carinho e amor que receberam...e nós, os de boa memória, passamos por um processo bem doloroso de reciclagem... mas também somos aqueles que sabem amar com dignidade, lealdade, com intensidade única e verdadeira...

Na hora da dor, essas qualidades não são tão boas, mas são elas que nos permitem acreditar que um dia.... seremos reconhecidos e valorizados por isso...

E somos nós também que sabemos lutar pelo que acreditamos, sem medo, sem vergonha, arriscamos tudo e não nos arrependemos...

Enfim... o esquecimento pode ser bom por um determinado tempo, mas o mundo gira, dá suas voltas e chegará a hora em que saberemos que o amor que tinhamos pelo esquecido, foi o melhor que ele já teve na vida...

Eros e Psiquê

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,

À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Hermana

Blog da Babi...

Minha amada irmã

AMOR

O amor nos tira o sono, nos tira do sério, tira o tapete debaixo dos nossos pés, faz com que nos defrontemos com medos e fraquezas aparentemente superados, mas também com insuspeitada audácia e generosidade. E como habitualmente tem um fim - que é dor - complica a vida. Por outro lado, é um maravilhoso ladrão da nossa arrogância.

Quem nos quiser amar agora terá de vir com calma, terá de vir com jeito. Somos um território mais difícil de invadir, porque levantamos muros, inseguros de nossas forças disfarçamos a fragilidade com altas torres e ares imponentes.

A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranqüilidade, querer com mais doçura.

Às vezes é preciso recolher-se".

(Lya Luft)