O sonho acabou...
Ontem tudo que mais poderia causar dores de estômago aos torcedores do brilhantismo brasileiro na arte futebolistica aconteceu...
E da maneira mais indigesta...
O fantasma de 98 ainda assombra os gramados em que pisam nossos craques de milhões de euros, de recordes e de malabarismos impressionantes.
A humildade daquele que vai se aposentar mostrou mais uma vez aos canarinhos que brilhantismo e magia, apenas, não levam uma copa do mundo.
Zizou acabou com o Brasil, de novo...
Num passe perfeito que sobrevoou a melhor defesa da copa, daquele zagueiro que não havia cometido uma falta sequer nos 4 primeiros jogos, e caiu nos pés daquele rapaz que estudava 8 horas por dia quando criança, ao invés de jogar futebol. Henry deixou sua marca, que veio com a assinatura de Zidane. Logo dele.
Temos que tirar os chapéus, bonés e afins para este senhor. A bola parece um filho, com tratamento único nos seus pés...Zizou e a bola dançavam um pas-de-deux com simplicidade e perfeição e os brasileiros não souberam desfazer essa parceria, nem por um minuto.
Na realidade, a seleção brasileira não tinha, até ontem, enfrentado uma seleção que pudesse mostrar que não basta brilhantismo pra ser campeão... A França foi o primeiro time que o Brasil teve pela frente que poderia dar algum trabalho e fazer o quadrado mágico perder o encanto...e fez! Aliás, a magia brasileira não apareceu em nenhum dos jogos desta copa.
O pior é que ontem, logo ontem, o Parreira desfez o quadradinho pra entrar em campo...e quando tudo estava perdido, ou quase, resolveu retomar sua formação original, e talvez ainda tenhamos que ouvir, vocês não diziam que eu não arriscava? Que tinha medo? Taí, arrisquei com o Juninho e Gilberto e nós fizemos as malas mais cedo...Plagiando Zagallo, vocês ainda vão ter que me engolir! Afffe....haja anti-ácido!
O tal joga bonito da seleção brasileira ficou reservado apenas para os comerciais da nike, aquela que exigia a presença do fenômeno em campo. Que fenômeno? O da apatia? Tenho a sensação de que o Brasil não entrou em campo até agora...não vi em nenhum jogo o brilho de nossos craques, o futebol arte, a união dos jogadores do Brasil.
O Brasil não foi uma equipe, jogou em cima de lances desconcertantes de Ronaldinho Gaúcho (que não aconteceram) e seus companheiros e se esqueceu de que, num jogo de 90 min, não há como regravar uma cena que saiu errada.
A França mostrou que um time tem 11 jogadores em campo, que pouco importa o nome que está atrás da camisa e sim a garra e a união. E olha que a França também não tinha convencido na primeira fase. Não é à toa, que não se fala, lá na França, em seleção francesa e sim no famoso “Les Bleus” (os azuis); uma equipe, que tem sim, em seu quadro, Zidane, Henry, Makelele entre outros, mas não são seus nomes que fazem da França uma equipe famosa e vencedora; e sim, o sentimento de união dos azuis.
O Brasil mostrou ser apenas um time, com nomes que pesam atrás da camisa, mas não valorizam o sentimento patriótico do brasileiro, a paixão que é o futebol neste país...O Brasil era, nesta copa, apenas mais um time, em nenhum momento se mostrou uma equipe...falar em equipe, sugere união, sugere a confiança em todos aqueles 23 que lá estão, confiança entre eles, e não apenas a nossa, dos torcedores. Porque nós, verdade seja dita, não confiávamos tanto assim...precisávamos que eles lá longe, nos mostrassem que deveríamos acreditar e nem isso foram capazes de fazer. Uma pena...
É realmente desconcertante ver esses meninos voltarem para suas casas com uma derrota para a humildade de Zidane. Ele, que apenas disse que queria se aposentar após a copa, e vai, em grande estilo, mesmo que não leve a taça para sua pátria.
Nossos “inhos” se mostraram muito maiores do que aqueles que freqüentam a seleção há longo tempo, Cicinho, Juninho e Robinho, mereciam ir mais longe...alguns mais entre eles sim, até mesmo o Ronaldinho Gaúcho, que deixou muito a desejar. Talvez ele saiba bem a diferença entre um time e uma equipe...já que no Barcelona seu futebol é grandioso, enche os olhos de qualquer um, de qualquer país.
Faltou à seleção brasileira a humildade, descer dos seus saltos e tapar os ouvidos para o clima de “já ganhou”. Temos sim o melhor futebol do mundo, o Brasil vive dele, respira futebol em cada esquina. Resta agora digerir essa derrota e repensar os erros e acertos cometidos, até que nossos meninos possam mostrar ao mundo a que vieram e trazer finalmente, o hexa para casa! E então, nossos olhos se encherem de lágrimas de orgulho, de emoção e não de raiva ou decepção.